16 de junho de 2009

Chão

Colocou os pés na grama para retirar toda energia impura de seu corpo. Precisava da força da mãe terra para continuar sua jornada. Uma constante renovação de energias passava por tudo que tocava. O contato, que gera atrito, por mínimo que seja, faz o calor. É esse calor que se gosta de sentir ao tocar. A ausência deste só gera o frio. Precisava continuar o caminho. Chuva e sol. Vento e Mar. Caminhos do Mundo. Coisas Belas.

O contato com a terra encharcada e fria também podia mudar os sonhos da menina. A lama aproveitava para penetrar em cada frestinha de seus pés. Aquilo fazia cócegas e deixava os pés deslizantes sobre os sonhos. Calor gelado cosquento.

A música que ela sempre escutou, mal a sabe, não vem do lado de fora. É inaudível a todos os outros, ou melhor, a quase todos. Todos são sempre muitos.

A música era a sinfonia interna de seus atos ainda não fatos, de seus caminhos, de cada pedra pontiaguda que espetou e de cada brisa suave que tocava suas pestanas. A música era regida por tudo que tocava, a cada nova molécula de oxigênio que entrava no seu sistema sanguíneo, que resultava em calor amor. Sempre a constante transformação, espiral de sua vitalidade, mas dentro de uma mesma melodia. Só se mudava a velocidade e a cor da letra.

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