12 de maio de 2009

Bemol - Rolhas de Vinho

Materialidade de um conjunto de lápis, papel e vinho. Conjunto perfeito para ser somado aos outros diversos conjuntos do pensamento. Há um conjunto nomenclaturado de realidade; outro de sonho e ainda há o conjunto infinito dos desejos. Também há aquele em que apresenta um quadro branco parcialmente límpido e ainda meio vazio, PASSADO. Também encontra-se o FUTURO. E o conjunto ligieiro do presente, que já se esvai no final dessa linha. O passado é aglomerado de ações presentes, um arquivo permanente, presente permanente. Enquanto isso o presente é a efemeridade e importante unidade que transita para o conjunto do passado.

A última taça d
e vinho esperou para ser degustada por quase 1 mês. Quando fora aberto e tomado tinha como corpo o presente do passado desejo. Era seco e esquivado, não descia ao estomago, chegava aos pulsantes neurônios do coração. Agora transitado 1 mês o vinho exalava o sabor rascante transformado. Toda a sua doçura, frescor, ardor,transformara-se em secura realidade. Saíra do coração e chegará enfim aos pés plantados no chão, e metabolizados pelas sinapses embriagadas. Agora o vinho corria nas veias. O álcool evaporara por intermédio do lápis e do papel. Finalmente chegara ao estômago. Já avinagrado. Era de boa qualidade, foi processado por muito tempo. Era feito de vinho e com muito carinho. Mas em vinagre se tornou. Tempero, conservante e mais um registro para o conjunto passado dos pensamentos.
Se, não existe se hipótese real. Existem fatos que simplesmente acontecem com a equidade do teorema de Pitágoras. O SE, faz parte de conjuntos hipotéticos em forma de apoteose ilusionista.
De todas as sensações registradas fica o pulsar das veias, o lamber dos dedos um a um melecados de açúcar, e o êxtase ao penetrar com as mãos em um saco repleto de grãos.
Mas tudo foi e não é mais. Agora deixo os melhores vinhos guardados. Terminado o recolhimento é hora de abrir uma nova garrafa de vinho e se deliciar com cada gole beliscado. Apreciar o cheiro morno, o gosto desejo, o toque irreverente, o sorriso em calor.
Brindar por transformação, ou melhor, pela transição da transformação e crescimento em vida vivida. Um gole pela VIDA agora e ao tudo novo que virá. Para o que foi concluído deixa-se a rolha que ficou manchada pelo vinho e seca pois o que a mantinha fresca, saborosa e úmida secou.

2 comentários:

  1. Acredito ter presenciado o momento da criação... mas o mais importante é perceber que o presente rapidamente se transforma em passado e o futuro próximo em presente e nesse correr tudo se modifica, a metamorfose se completa e a lagarta vira uma bela borboleta. Não há o que temer no amanhã, a natureza é sábia e nos ensina...(o vinho... "avinagra" e este também tem o seu papel ) basta observá-la...é a lei de Lavoisier "Na Natureza nada se cria, tudo se transforma". Apenas acrescento que a força que move o Universo sempre permanece. Ah! o amor.
    Te amo muito! beijo...

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  2. As flores, os frutos e as árvores podem se acabar. Mas a primavera sempre continuará.
    beijos
    Excelente texto. Parabéns

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